“A natureza só precisa ser Natural”, fiquei pensando neste tema em função de um vídeo super delicado, mas ao mesmo tempo, muito enfático, que recebi.
O vídeo aborda o tema das enchentes de forma poética, mas que traduz claramente o resultado da intervenção humana sobre natureza e suas consequências.
O fato é que somos todos parte da natureza com uma diferença, “a favor”, do humano, que é o único ser racional, dotado de discernimento. Essa diferença nos confere uma grande responsabilidade e possibilidades.
Estamos a frente das outras espécies. Será que como parte da natureza, como seres racionais, estamos sendo NATURAIS? Será que estamos utilizando este diferencial a nosso favor? Pelos resultados que estamos vivenciando e pelas informações apresentadas pela ciência, eu estou achando que não estamos utilizando nada a nosso favor, que dirá a favor dos outros seres que compõem a natureza.
O vídeo que me inspirou esta reflexão, apresenta um discurso na primeira pessoa assumindo o lugar do Rio. De um Rio que nasceu bem e perfeito, mas que ao longo da sua vida foi duramente atacado. Teve seu curso alterado ou interrompido ou açorado, por vezes brutalmente invadido, sofrendo com os desmandos, abusos, justamente pelos únicos seres dotados de racionalidade e discernimento.
Este Rio totalmente desequilibrado, sem as suas conexões necessárias, recebendo toda sorte de desrespeito através dos resíduos, dos efluentes etc… começa a ter crises, não tendo condições para oferecer seus recursos e tão pouco como acolher as chuvas torrenciais, porque já não tem o mesmo leito, e não tem mais saúde para reagir. Mas tudo isso é totalmente alheio à vontade do RIO, ele não é racional, não tem como evitar as ações vindas dos humanos racionais. Portanto o desastre está configurado. Sofrimento para os Humanos, sofrimento para o Rio que só queria passar livremente, sendo NATURAL.
Fica aqui a reflexão. O Rio não recebeu a faculdade de ser racional, que somente é concedida aos humanos. O ponto é, se o Rio não pode raciocinar, pressupõe – se que o humano que raciocina somente tomará ações que sejam compatíveis com a saúde do Rio. Pois é! Só que não. De forma totalmente insana, nós humanos ainda fazemos escolhas totalmente desconectadas do razoável quando o assunto é Meio Ambiente. Continuamos descartando de forma indevida os nossos resíduos, consumindo produtos produzidos por atividades industriais que não consideram o Meio Ambiente em suas estratégias de sucesso.
Os produtos produzidos por aqueles que não consideram o Meio Ambiente, continuam sendo consumidos por aqueles que serão as vítimas das suas próprias escolhas atingindo também e principalmente aqueles que se quer tem escolhas, aqueles que estão à margem da sociedade e também à margem do RIO.
Se considerarmos as propostas implícitas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), se fizermos uso do que está proposto, desenvolvido e preconizado, teríamos no mínimo, uma gestão dos recursos naturais, com a visão direcionada e apontada para o desenvolvimento sustentável.
Me sinto de certa forma envergonhada com os resultados que venho constatando em função das decisões mal tomadas por todos nós. Ainda não assumimos as rédeas da situação. Somos o X do problema e somos a única chance de solução.
A reflexão recai sobre o tema PREVENÇÃO.
Precisamos assumir os papéis e as responsabilidades corretas enquanto sociedade.
Precisamos agir de forma respeitosa, entendendo e atendendo todos os ODS, cada um de nós dentro do nosso universo de responsabilidades.
Precisamos entender que os RIOS, bem como, o SOLO, a ÁGUA, o AR, são bens que pertencem a todos, sem exceção. Nossa constituição em seu Capítulo 225, define em todos os níveis hierárquicos as responsabilidades de cada um na proteção de Meio Ambiente, portanto, É LEI!
Quando remeto ao tema PREVENÇÃO é para que possamos entender que os DESASTRES/ACIDENTES, e neste caso, as dificuldades vivenciadas pelo Rio que transbordou, deixando tantos desabrigados, poderia ser evitado. É importante refletirmos que se mudarmos nosso comportamento em relação as questões ambientais e sociais, talvez tenhamos menos necessidade de campanhas pós acidente para prover as pessoas atingidas com suas necessidades básicas. É bom refletirmos também que mesmo com muitos movimentos humanitários que ajudam sem dúvida as pessoas atingidas sejam por intempéries, seja por guerra, seja por processos migratórios, etc… não há movimento que devolva a dignidade a estas pessoas.
É importante fazermos a prevenção e assim poderemos utilizar nosso amor ao próximo levando coisas melhores que tragam mais felicidade.
Sempre gosto de fechar uma reflexão com a frase emblemática, “SEJAMOS NÓS A MUDANÇA QUE QUEREMOS PARA O MUNDO”!